segunda-feira, 11 de maio de 2009

Num mundo sem saída.

Postado por Vanessa Kairalla às 5/11/2009 08:09:00 PM
"Escolhi certo!" - Logo pensei. Não podia ser melhor, não podia estar errada, não quanto aquilo que parecia e era tão bom. Era um mundo muito bem visto, principalmente pelos mais velhos e sábios - e isso era fato, afinal, pude ver nos olhos daqueles que sabiam pelo menos 30 ou 40 anos mais. Aquele mundo era muito diferente, quer dizer, podia ser muito diferente, mas com toda a certeza poderia ser igual - para o bom ou para o mau - a este mundo aqui.

Se essa decisão tivesse que ser tomada há alguns poucos anos atrás, certamente teria hesitado e talvez não passaria para o "lado de lá", mas esperei o tempo certo para me dar a chance de optar entre me perder por "lá" ou permanecer para sempre somente aqui.

Acontece que não existe exatamente o "lá" e o "aqui", pois tudo é "aqui", mas era difícil demais notar, até porque somente, nos breves momentos de página em página, o "lá" era muito mais palpável e concreto que o "aqui", mas quando as páginas - feito uma enorme porta pesada que fecha rudemente na cara de convidados - se fechava entre duas capas, ora grossa e dura, ora fina e maleável. Escolhi certamente as incertezas das páginas desconhecidas. Para chegar "lá" existem vários caminhos, e só se volta após o último ponto final da última página. A forma que mais gosto de viajar até lá é dentro do meu (suposto) refúgio.

Minha casa fica em frente à praia, quando você entra tem uma enorme varanda de vidro que forma um "L", saindo do elevador há um pequeno hall de entrada com uma porta de madeira - que raramente é fechada -, saindo do hall, logo em frente, se encontra a (quase extensa) sala, que se divide pela mobília entre sala de jantar (à esquerda) e sala de estar (à direita). Virando à direita, passando à sala de estar há uma porta branca - também raramente fechada - que dá para um curto corredor que leva aos quartos. A primeira porta à esquerda é um quarto pequeno, de paredes azuis claras, à direita há um armário embutido na parede em cor marfim, seguido de uma cama de solteiro que termina na outra parede, onde fica a janela. No canto direito, ao lado da janelinha de vidro, há um velho e turbulento ar-condicionado, na parede, logo abaixo dele, há uma mesinha cinza. Acima dela há um suporte de televisão - momentaneamente vazio, muito embora não me faça falta - ao lado da mesa cinza há uma sapateira e acima dela prateleiras onde ponho livros e alguns bichos de pelúcia nostálgicos. E é bem no meio, no chão, que eu gosto de sentar e caminhar para o outro mundo. O meu outro mundo.

Quando começo a caminhar para "lá", as coisas concretas à minha volta se corroem, como se apodrecessem, e caem quase estantaneamente. É como se um terremoto, abalasse tão somente meu quarto. E logo um novo cenário está posto. Às vezes como uma pequena sacada onde se ouvem serenatas, outras como um castelo esplendoroso coberto de ouro por todos os lados, certas vezes como as profundezas oceânicas e em algumas como enormes e assustadoras florestas. Aos poucos as palavras se tornavam exatamente aquilo que queria dizer, sendo tão concreta e real que o pequeno quarto parecia ainda menor com tantas coisas novas entrando e saindo dele.

Mas não se pareciam com as coisas comummente tocáveis, os cheiros tinha cores que deixavam transparecer do outro lado. Os gostos possuíam formas, e os sons eram exteriorizados conforme o trimbe. Os pios dos pássaros era cristais cumpridos, enquanto o ronco de um motor eram pedaços broncos de metal enferrujado.


Entrei, dentro do mesmo quarto pequeno, muitas portas diferentes, nelas conheci alguns que - de longe - mesmo parecendo loucura posso até chamar de "amigos", pois essa é uma boa palavra, ô se é! Pois eles, raramente, me decepcionam ao fim, e certamente me ensinam lições valiosas, e sofro com eles, bem como divido as felicidades, sei os segredos deles, e com certeza se tivesse algum segredo, com eles estariam seguros. São pessoas de caráter duvidoso, outras firmes e dignas, alguns jovens demais, outro de menos, mas todos especiais, pois se fossem reais, seriam como qualquer um de nós.

Optei, e não me arrependo. E agora estou perdida, novamente, dentro das fantasias, de onde não sei se tem volta, mas com certeza - se não tiver - não me fará falta.





* Viciei.
Me perdi, novamente.
Dessa vez para sempre.
Sumirei na fantasia.
Talvez seja esse o meu país das maravilhas.
Apaixonada por pedaços de papel, com meia dúzia de letras.

Num mundo sem saída.

"Escolhi certo!" - Logo pensei. Não podia ser melhor, não podia estar errada, não quanto aquilo que parecia e era tão bom. Era um mundo muito bem visto, principalmente pelos mais velhos e sábios - e isso era fato, afinal, pude ver nos olhos daqueles que sabiam pelo menos 30 ou 40 anos mais. Aquele mundo era muito diferente, quer dizer, podia ser muito diferente, mas com toda a certeza poderia ser igual - para o bom ou para o mau - a este mundo aqui.

Se essa decisão tivesse que ser tomada há alguns poucos anos atrás, certamente teria hesitado e talvez não passaria para o "lado de lá", mas esperei o tempo certo para me dar a chance de optar entre me perder por "lá" ou permanecer para sempre somente aqui.

Acontece que não existe exatamente o "lá" e o "aqui", pois tudo é "aqui", mas era difícil demais notar, até porque somente, nos breves momentos de página em página, o "lá" era muito mais palpável e concreto que o "aqui", mas quando as páginas - feito uma enorme porta pesada que fecha rudemente na cara de convidados - se fechava entre duas capas, ora grossa e dura, ora fina e maleável. Escolhi certamente as incertezas das páginas desconhecidas. Para chegar "lá" existem vários caminhos, e só se volta após o último ponto final da última página. A forma que mais gosto de viajar até lá é dentro do meu (suposto) refúgio.

Minha casa fica em frente à praia, quando você entra tem uma enorme varanda de vidro que forma um "L", saindo do elevador há um pequeno hall de entrada com uma porta de madeira - que raramente é fechada -, saindo do hall, logo em frente, se encontra a (quase extensa) sala, que se divide pela mobília entre sala de jantar (à esquerda) e sala de estar (à direita). Virando à direita, passando à sala de estar há uma porta branca - também raramente fechada - que dá para um curto corredor que leva aos quartos. A primeira porta à esquerda é um quarto pequeno, de paredes azuis claras, à direita há um armário embutido na parede em cor marfim, seguido de uma cama de solteiro que termina na outra parede, onde fica a janela. No canto direito, ao lado da janelinha de vidro, há um velho e turbulento ar-condicionado, na parede, logo abaixo dele, há uma mesinha cinza. Acima dela há um suporte de televisão - momentaneamente vazio, muito embora não me faça falta - ao lado da mesa cinza há uma sapateira e acima dela prateleiras onde ponho livros e alguns bichos de pelúcia nostálgicos. E é bem no meio, no chão, que eu gosto de sentar e caminhar para o outro mundo. O meu outro mundo.

Quando começo a caminhar para "lá", as coisas concretas à minha volta se corroem, como se apodrecessem, e caem quase estantaneamente. É como se um terremoto, abalasse tão somente meu quarto. E logo um novo cenário está posto. Às vezes como uma pequena sacada onde se ouvem serenatas, outras como um castelo esplendoroso coberto de ouro por todos os lados, certas vezes como as profundezas oceânicas e em algumas como enormes e assustadoras florestas. Aos poucos as palavras se tornavam exatamente aquilo que queria dizer, sendo tão concreta e real que o pequeno quarto parecia ainda menor com tantas coisas novas entrando e saindo dele.

Mas não se pareciam com as coisas comummente tocáveis, os cheiros tinha cores que deixavam transparecer do outro lado. Os gostos possuíam formas, e os sons eram exteriorizados conforme o trimbe. Os pios dos pássaros era cristais cumpridos, enquanto o ronco de um motor eram pedaços broncos de metal enferrujado.


Entrei, dentro do mesmo quarto pequeno, muitas portas diferentes, nelas conheci alguns que - de longe - mesmo parecendo loucura posso até chamar de "amigos", pois essa é uma boa palavra, ô se é! Pois eles, raramente, me decepcionam ao fim, e certamente me ensinam lições valiosas, e sofro com eles, bem como divido as felicidades, sei os segredos deles, e com certeza se tivesse algum segredo, com eles estariam seguros. São pessoas de caráter duvidoso, outras firmes e dignas, alguns jovens demais, outro de menos, mas todos especiais, pois se fossem reais, seriam como qualquer um de nós.

Optei, e não me arrependo. E agora estou perdida, novamente, dentro das fantasias, de onde não sei se tem volta, mas com certeza - se não tiver - não me fará falta.





* Viciei.
Me perdi, novamente.
Dessa vez para sempre.
Sumirei na fantasia.
Talvez seja esse o meu país das maravilhas.
Apaixonada por pedaços de papel, com meia dúzia de letras.
 

Like Sugar.♥ Copyright 2009 Sweet Cupcake Designed by Ipiet Templates | Thanks to Blogger Templates | Image by Tadpole's Notez

| Blogspottemplate|Wpthemesbest