Em momento de extrema nostalgia, ousei lembrar uma infância que não me pareceu muito distante - nem poderia, pois seria desaforo dizer que minhas lembranças de menos de 20 anos atrás são distantes, enquanto outros lembram de 50 anos atrás -, onde algumas dúzias de crianças estavam, uniformizadas, mal humoradas, enfileiradas, com a mão direita devidamente colocada sobre o lado esquerdo do peito, de costas erguidas e cantando (certamente de má vontade) o nosso belíssimo Hino Nacional.
A fileira, que a cada dia tinha um aluno diferente como guia - e este obviamente deveria fingir felicidade e orgulho, que ficava a frente dos coleguinhas, ao lado do professor respectivo a sua série -, era (geralmente) irregular e totalmente desleixada. Às 7 horas e 30 minutos, com todos devidamente à postos, o hino começava a ecoar pelas paredes da escola, e logo se ouvia um ruído forte seguido pelas (desesperadoras) palavras "ouviram do Ipiranga às margens plácidas, de um povo heróico o brado retumbante (...)", e todos imediatamente se endireitavam e começavam a cantar. Alguns, realmente empolgados, gritavam o hino, enquanto os menos contentes com aquela situação - chamada por muitos de - constragedora, se aproveitando do bufante orgulho brasileiro alheio, somente moviam os lábios, dando a entender que estavam cantando. Claro que isso ocorria entre os menores, os mais medrosos. O maiores, mais indiscretos, sequer se davam ao trabalho de fingir alegria, quero dizer, eles estavam partes felizes, pois suas aulas começariam alguns minutos mais tarde, mas não gostavam da forma como o tempo extra que lhes era dado estava sendo utilizado.
Me permiti sentir saudades do hino de cada manhã. Todos os dias, a partir das 7h30 da manhã, havia pequenas filas de moleques cantando descontentes o hino nacional. Depois, ao invés de todos os dias, os hinos passaram a ser de segunda, quarta e sexta. Depois de terça e quinta. Até que, "finalmente", acabou-se a tradição de cantar o hino nacional.
A parte de mim que sentia saudade, logo saiu daquele passadinho breve, e me trouxe ao presente. Daí estive pensando, alguns dizem que os brasileiros só sabem reclamar e falar mal do nosso Brasil, dizem que não somos nem perto de patriotas, que quase todos dariam tudo para ser de outra nacionalidade. Ora, sejamos francos, nós humanos somos 10% instinto e 90% aprendizagem, como esperam patriotismo se não se ensina a ser patriota?
Honestamente, sou muito brasileira, e muito reclamona também, mas isso não me torna menos brasileira ou menos amante do meu país. Há "brasileiros" que não sabem SEQUER o Hino Nacional, isso é ofensivo. Você assiste uma partida de futebol entre o Brasil e qualquer outro país, os jogadores sabem cantar o hino de seu país, menos os jogadores brasileiros, que fazem que nem a minha turminha de criança na escola, e fica rebolando a boca pra dizer que sabe. Ou pior, ACHA que sabe, mas canta tudo TOTALMENTE errado. Eu sou patriota, não gostaria de não ser brasileira. Aliás ser brasileira é ser tudo. É ser portuguesa, espanhola, africana, é ser estados unidense, é ser inglesa, é ser francesa, japonesa, tudo. Nossa nacionalidade é a mistura de todas as outras nacionalidades.
Nossa terra tem todos os climas, e em si, plantando, tudo dá. Temos terra fértil, povo hospitaleiro, calor pra dar e vender, e a felicidade é tão grande que mesmo tendo muitos problemas conseguimos sair para tomar uma cervejinha gelada! Temos braço forte, não gostamos de trabalhar muito, porque tudo em excesso mata, mas com certeza o pouco que gostamos de trabalhar fazemos bem, obrigada! E se esse país é uma bagunça, com certeza o sonho de muito gringo era tá nessa marofa.
Desculpem, mas fiquei - com o perdão da palavra - puta de ser taxada de "não patriota", se eu não fosse patriota eu já tinha me mudado clandestina para qualquer outro lugar que não o Brasil. Sou patriota sim! E não porque vejo jogos da seleção em copas mundiais, ou em torço para o Brasil nas olimpíadas. Sou patriota porque - mesmo sendo mais afortunada que muita gente por aí - estou aqui e aqui permanecerei. O Brasil tá uma merda? Tá! Mas eu tô nessa merda também!
O Brasil tá crescendo? Tá! E eu tô crescendo também!
Agora não me venha com essa palhaçada de que nós somos um povo apatriotizado, que temos vergonha do nosso país e que só reclamamos e nada fazemos para mudar!
Brasil! Meu Brasil brasileiro... É assim que sempre foi e assim sempre será. Batendo a mão no peito só pra constar que sou casada com esse país faz 20 anos, e estou/estarei com ele, na felicidade e na tristeza, na saúde ou na doença, e nem a morte nos separa.
A fileira, que a cada dia tinha um aluno diferente como guia - e este obviamente deveria fingir felicidade e orgulho, que ficava a frente dos coleguinhas, ao lado do professor respectivo a sua série -, era (geralmente) irregular e totalmente desleixada. Às 7 horas e 30 minutos, com todos devidamente à postos, o hino começava a ecoar pelas paredes da escola, e logo se ouvia um ruído forte seguido pelas (desesperadoras) palavras "ouviram do Ipiranga às margens plácidas, de um povo heróico o brado retumbante (...)", e todos imediatamente se endireitavam e começavam a cantar. Alguns, realmente empolgados, gritavam o hino, enquanto os menos contentes com aquela situação - chamada por muitos de - constragedora, se aproveitando do bufante orgulho brasileiro alheio, somente moviam os lábios, dando a entender que estavam cantando. Claro que isso ocorria entre os menores, os mais medrosos. O maiores, mais indiscretos, sequer se davam ao trabalho de fingir alegria, quero dizer, eles estavam partes felizes, pois suas aulas começariam alguns minutos mais tarde, mas não gostavam da forma como o tempo extra que lhes era dado estava sendo utilizado.
Me permiti sentir saudades do hino de cada manhã. Todos os dias, a partir das 7h30 da manhã, havia pequenas filas de moleques cantando descontentes o hino nacional. Depois, ao invés de todos os dias, os hinos passaram a ser de segunda, quarta e sexta. Depois de terça e quinta. Até que, "finalmente", acabou-se a tradição de cantar o hino nacional.
A parte de mim que sentia saudade, logo saiu daquele passadinho breve, e me trouxe ao presente. Daí estive pensando, alguns dizem que os brasileiros só sabem reclamar e falar mal do nosso Brasil, dizem que não somos nem perto de patriotas, que quase todos dariam tudo para ser de outra nacionalidade. Ora, sejamos francos, nós humanos somos 10% instinto e 90% aprendizagem, como esperam patriotismo se não se ensina a ser patriota?
Honestamente, sou muito brasileira, e muito reclamona também, mas isso não me torna menos brasileira ou menos amante do meu país. Há "brasileiros" que não sabem SEQUER o Hino Nacional, isso é ofensivo. Você assiste uma partida de futebol entre o Brasil e qualquer outro país, os jogadores sabem cantar o hino de seu país, menos os jogadores brasileiros, que fazem que nem a minha turminha de criança na escola, e fica rebolando a boca pra dizer que sabe. Ou pior, ACHA que sabe, mas canta tudo TOTALMENTE errado. Eu sou patriota, não gostaria de não ser brasileira. Aliás ser brasileira é ser tudo. É ser portuguesa, espanhola, africana, é ser estados unidense, é ser inglesa, é ser francesa, japonesa, tudo. Nossa nacionalidade é a mistura de todas as outras nacionalidades.
Nossa terra tem todos os climas, e em si, plantando, tudo dá. Temos terra fértil, povo hospitaleiro, calor pra dar e vender, e a felicidade é tão grande que mesmo tendo muitos problemas conseguimos sair para tomar uma cervejinha gelada! Temos braço forte, não gostamos de trabalhar muito, porque tudo em excesso mata, mas com certeza o pouco que gostamos de trabalhar fazemos bem, obrigada! E se esse país é uma bagunça, com certeza o sonho de muito gringo era tá nessa marofa.
Desculpem, mas fiquei - com o perdão da palavra - puta de ser taxada de "não patriota", se eu não fosse patriota eu já tinha me mudado clandestina para qualquer outro lugar que não o Brasil. Sou patriota sim! E não porque vejo jogos da seleção em copas mundiais, ou em torço para o Brasil nas olimpíadas. Sou patriota porque - mesmo sendo mais afortunada que muita gente por aí - estou aqui e aqui permanecerei. O Brasil tá uma merda? Tá! Mas eu tô nessa merda também!
O Brasil tá crescendo? Tá! E eu tô crescendo também!
Agora não me venha com essa palhaçada de que nós somos um povo apatriotizado, que temos vergonha do nosso país e que só reclamamos e nada fazemos para mudar!
Brasil! Meu Brasil brasileiro... É assim que sempre foi e assim sempre será. Batendo a mão no peito só pra constar que sou casada com esse país faz 20 anos, e estou/estarei com ele, na felicidade e na tristeza, na saúde ou na doença, e nem a morte nos separa.