terça-feira, 26 de maio de 2009

Apaga tudo!

Postado por Vanessa Kairalla às 5/26/2009 02:04:00 PM
Com papel, lápis e uma - já gasta - borracha, comecei a jornada. Era, inicialmente, uma idéia de prazer, onde tudo o que já havia passado seria revisto com apenas meus olhos. Seria só de um ponto de vista e, certamente inquestionável. Estaria tudo certo, o meu certo.
Se o vento soprasse brando demais para os outros, pouco importaria, seria a minha tempestade. E somente eu a enfrentaria tão bravamente, daquela mesma forma de antes. Acontece que no meio dos meus pensamentos, de todos eles, eu achei que o meu ponto de vista sobre mim seria o deturpado, me favorecendo, me vangloriando dos meus imaginados feitos; na verdade não era. Nada era imaginado, e como isso doía. A minha personagem interpretada por mim era fraca, estúpida, mal educada, repleta de defeitos, exatamente igual à realidade. Meus olhos não eram mais vivos, tampouco mais bonitos. Meus cabelos não brilhavam mais, se quer eram mais lisos. Meu amor-próprio também era fictício, e minhas qualidades inexistentes.

Imaginei que o braço seria forte, capaz de atitudes hercúleas, mas era franzinos e sequer levantavam o mesmo lápis usado para escrever. As minhas tempestades eram devastadoras; as lágrimas começaram a escorrer diante de tamanha desgraça, e logo estava formada a minha enchente particular, e ela parecia sentir um prazer absurdo em me sufocar. Engoli litros de lágrimas até que, enfim, me afoguei, morrendo dolorosamente.

Senti que qualquer resquício de felicidade que pudesse estar presente em qualquer célula escondida de meu corpo, fugia e escapava com muita facilidade, por entre meus dedos, através de meus olhos, ouvidos ou boca, sumindo à cada respiração. Apertei meus braços e pernas e eram reais, o papel estava vazio, assim como eu. As letras se contorciam entre pequenas expressões de dor, os "ais" ficavam mais freqüentes, até que não mais me incomodavam.

Fechei os olhos com força, tomando o cuidado de esfregá-los bem forte antes de abri-los novamente, mas tudo estava embaçado demais. As cores escapavam para longe o mais rápido que podiam. E tudo que me rodeava morria rapidamente. O cheiro era tão podre quanto a aparência, era tudo desagradável aos sentidos. Nada prestava, e em nada eu era boa. Corria para todos os lados implorando ajuda, mas tudo o que eu tocava morria, e - antes que fosse perceptível - eu também já estava morta. Eu havia apodrecido, igual ao meu cenário macabro e solitário, e de dentro para fora.

O medo finalmente passava, e agora não era possível ouvir mais som algum, tudo estava sem cor, sem cheiro, sem vida. Minha pele era pálida e fria, meus olhos fundos e opacos e minha mente, agora, era inerte. O meu ponto de vista era realmente só meu.

Larguei o lápis. Peguei a borracha mínima e apaguei tudo.



(esqueçam... desisto de escrever... ahahaha)

Tenho uma nova teoria. Uma nova equação. Família + TPM = depressão profunda e amarga.

Implorando por um minuto de esquecimento.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Volta pra tua turma!!!

Postado por Vanessa Kairalla às 5/22/2009 02:01:00 PM
Pois é, hoje fiquei indignada com a capacidade das pessoas de serem tão ESTÚPIDAS! Ocorre que, sabe-se lá o motivo, cerca de 10 alunos da outra turma vieram assistir aula na minha sala hoje, até aí tudo ótimo, afinal de contas, acho que quanto mais as salas estiverem unidas mais divertido é.

Bom, primeira dica para quem vai assistir aula em outra turma: NÃO FAÇAM PERGUNTAS QUE NÃO CONDIGA COM A MATÉRIA, porra! Se a aula é de MEDICINA LEGAL, pelo amor de DEUS não me faça pergunta de penal! Puta quem me pariu, por mais que tenha o LEGAL depois de MEDICINA, não quer dizer que envolva DIREITO PENAL! Com todo o respeito, mas POUCO FODA-SE se a pessoa matou alguém por motivo torpe... o que importa para MEDICINA LEGAL é: MORREU.

Segunda dica: NÃO CONVERSEM MAIS QUE OS PRÓPRIOS ALUNOS DA TURMA QUE VOCÊ INVADIU! Desculpa gente, mas se EU que sou dessa TURMA não estou conversando (no caso gritando) não serão vocês que o farão, não é mesmo?!

Terceira dica: NÃO IMPORTA SE O PROFESSOR É O SEU MELHOR AMIGO, PELAMORDEDEUS NÃO PUXE-LAMBA-SUGUE-SACO EM AULAS ALHEIAS! Quer coisa mais irritante que puxa-saco? PUXA-SACO INVASOR! Porra, de boa, eu adorooo fazer amizade, mas é uma puta chatice ter que aguentar gente elogiando exageradamente o professor para que ele note nem que seja por segundos a presença do maldito ser escroto naquela sala de aula repleta de aula.

Hahaha, tá, talvez eu esteja sendo muito radical, aliás, eu geralmente nem presto atenção nas aulas, mas me irrita ver que a matéria empaca naquele mesmo ciclo de perguntas idiotas o tempo inteiro. E me irrita mais ainda saber que as pessoas simplesmente vão para a sala alheia para brincar, fofocar, puxar-lamber-sugar-saco do professor ou fazer perguntas que não tem nada a ver com a matéria. É que me irrita tanto quando é gente da minha turma, imagina o quanto não me irrita quando é um forasteiro, né?!

Não tô achando ruim de terem ido, mas tô achando ruim as atitudes estúpidas ou infantis que as pessoas têm.

Ah! Preciso voltar a falar de coisas interessantes né?! Quem concorda levanta a mão! o/o/o/o/o/o/o/o/

Promessa: Próximo post, esforço máximo para texto interessante :)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Reclamando de barriga cheia...

Postado por Vanessa Kairalla às 5/21/2009 01:20:00 PM
Para os místicos, seria o cosmo. Para os religiosos, vontade de Deus. Para os neuróticos, uma conspiração. Para os pessimistas, o óbvio. Para os otimistas, uma fase. Para os que sofreram, uma dor. Para os que não sofreram, só mais um caso com mais alguém.

Seja lá como for, as pessoas gostam de arranjar explicações para as coisas que acontecem. Por que chove, do que são feitas as coisas, por que existimos, gostamos de saber tudo. Mas algumas coisas não são fáceis de serem entendidas e, simplesmente não merecem o esforço da nossa compreensão.

Ocorre que pessoas (estou falando de mim, certamente) que têm tudo o que querem sempre dão um jeito de reclamar do seu excessivo conforto. E esse post não é uma reclamação. Talvez dessa vez eu cumpra as promessas que faço à mim sempre que posso. Sempre prometo muitas coisas à mim, mas não cumpro quase nenhuma delas, digamos que - quando se trata de eu prometer a mim - eu não consigo honrar as minhas palavras.
Prometo sempre: "Esse ano! É esse ano! Esse é o ano que eu vou estudar!" ou então "Esse ano terei uma vida mais saudável!", ou ainda "Eu prometo que vou parar de reclamar da minha vida!", essas promessas são as mais frenquentes que jamais cumpri, em 20 anos de vida.

Acontece que estudar e ter uma vida mais saudável é, obviamente, uma questão de esforço, o qual a minha preguiça ataca com unhas e dentes, atando meus braços e pernas para que eu JAMAIS me deixe cair na tentação. Agora a RECLAMAÇÃO, essa não é assim tão fácil. Como já diz meu pai "Reclamar é um vício!", e de fato é!
A minha vida sempre foi ÓTIMA, nunca passei fome; fico doente facilmente, mas por sorte, meu pai sempre teve dinheiro para bancar bons médicos e bons remédios para mim; sempre estudei em colégio particular e bons; sempre ganhei presentes o ano inteiro; sempre saí para onde eu quisesse; sempre esbanjei o suor do rosto do meu pai. Não me orgulho de ser assim, aliás, fui criada assim. Mas a minha "vergonha-na-cara" me permite ter a decência de retribuir todo esse esforço do meu pai, lhe proporcionando uma futura velhice confortável.

Mesmo com essa vida perfeita, cheia de familiares, amigos e tudo - ou muito próximo de tudo - o que quero, eu sempre reclamei. Reclamo porque meus familiares folgam comigo, e porque não me ouvem. Reclamo porque as coisas simplesmente não saem como eu quero, e porque odeio determinadas coisas. Mas ontem, ontem eu estava feliz. Ô! Como estava! Não tinha do que reclamar! Meu sorriso - que ia de orelha a orelha - era tão grande que meus lábios sumiam acima dos dentes amarelados e levemente entortados. E quando tudo vai muito bem, certamente algo irá piorar.

Meu pai chegou em casa, faltavam 20 minutos para meia-noite. Ele estava, visivelmente, cansado da viagem que teve de fazer à trabalho na cidade de Avaré no interior do interior de São Paulo. Ele sentou na sua cadeira de rodas estrategicamente posicionada em frente ao elevador e se arrastou até a sala, onde pude notar os olhos vermelhos chorosos e decepcionado. Fiquei olhando para ele, sem dizer nada, esperando ele começar. Logo ele estava falando:

"- Sabe filha, hoje me ocorreu uma coisa que, NUNCA, em minha vida eu achei que fosse acontecer..."

Quando ele disse essa primeira frase pensei "Fudeu! Meu pai matou alguém atropelado!", mas antes que eu pudesse dar um salto do sofá para acudi-lo ele retornou a falar e dizia:

"- Eu havia ido até o meu cliente em Avaré, e ele me perguntou se eu preferia receber em dinheiro ou em depósito, eu pedi em dinheiro, porque dá última vez ele teve problemas com o depósito. Bem, antes de sair de lá, ele me pediu que - no caminho de volta - passasse em na casa da filha dele em São Paulo para deixar com ela uma caixa... Bom, era caminho, eu disse que tudo bem, e fui deixar a caixa para a menina."

Doía cada palavra, eu sei que doía. Meu pai não uma pessoas transparente, ele sabe disfarçar os problemas, as tristezas. Ele - mesmo quando está perdido demais - não dá nenhum sinal do seu estado emocional, mas ontem estava visível.

"-Deixei a caixa na casa dela, virei numa rua para pegar a marginal e vir para Santos, quando avistei - lá do começo da quadra - três crianças e uma mulher. Eu sou desconfiado, já fui assaltado muitas vezes, e geralmente paro no meio da quadra e espero o sinal abrir. Mas hoje, filha, eu parei no sinal certinho, pois achei que eles iriam querer esmola, e eu tinha separado 20 reais para lhes dar. Quando eu parei, um dos menininhos apontou uma arma na minha cabeça, e os outros dois ficaram revistando o carro. O menininho que estava armado me pediu para descer, e eu disse que sou deficiente físico e o tempo que eu demoraria para descer do carro poderia chegar alguém e pegá-los, a mulher ficava gritando para o menino atirar, ela dizia: "ATIRA! ATIRA! ELE ESTÁ ESCONDENDO O DINHEIRO! ATIRA NA CARA DELE!", e eu estava tão chocado e não sabia o que fazer... Entreguei meus celulares, todo o meu dinheiro e eles se afastaram..."

Quando ele me contou eu fiquei estática, eu queria chorar, não pelo assalto, mas pelo medo. Eu estava sentindo o medo passando por cima da minha pele, ele me tocava em todas as partes que podia. Não tenho muitos medos, mas os poucos que tenho fazem meu coração parar de bater. Eu sentia que minha cabeça gritava quase explodindo, meu coração já havia ido parar na boca e haviam muitas borboletas sapateando em meu estômago.

"- Com certeza aquela vaca não era mãe daqueles garotinhos! Não tem como uma mãe fazer isso..." - meu pai xingou a mulher, ele realmente a odeia, deu para sentir. Meu pai raramente xinga, mas dessa vez não era uma xingamento simples, era uma expressão de ódio.

"- Depois passei em frente a um posto Ipiranga que estava na esquina oposta a do meu assalto e o frentista que viu tudo disse que eles ficam ali de 2 à 3 vezes por semana assaltando as pessoas! Voltei até a casa da filha do meu cliente para pedir dinheiro emprestado para pagar o pedágio... Parece que quando as coisas vão mal, Deus sempre dá um jeito de mostrar para nós que pode piorar!"

Foi assim que meu pai terminou de me contar o seu assalto.

Quando ele terminou pensei em como eu sou sortuda! Imaginem o que seria de mim se meu pai, meu herói não tivesse entregado o dinheiro àquelas crianças. Imaginem se as crianças seguissem o conselho daquela nojenta e atirassem na cabeça do meu pai!? Acho que eu morreria.

Mas como já diziam os sábios "Quando se está no fundo do poço a única saída que tem é por cima!"

É irritante e incompreensível como as pessoas fazem esse tipo de coisa! Quero dizer, com certeza a miséria nos deixa desesperados, mas ameaçar atirar na cabeça de alguém por causa de dinheiro, é simplesmente horripilante. Até porque, sabem que o povo brasileiro é bom, sabemos que as pessoas dão dinheiro para os pedintes no trânsito. Sei de casos que tiram 4 mil reais por mês só de esmola.
Dá raiva! Raiva da falta de segurança brasileira. Dá raiva, de como pagamos uma taxa tributária de 38,5% da nossa renda e ainda temos que sofrer esse tipo de coisa. Mas, aconteceu e, ainda bem, já passou. Espero que daqui só seja para melhor!

Desculpem o texto não interessante, mas meu coração falou para desabafar antes que meu peito ficasse pequeno demais para conter o meu medo.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Feliz para toda a vida!

Postado por Vanessa Kairalla às 5/20/2009 07:06:00 PM
Todas as quartas-feiras eu participo de um Grupo de Estudos de Direito Marítimo, e hoje - como de costume - eu fui à faculdade para participar de mais uma reunião.

No caminho de volta para casa encontrei duas senhoras que perguntaram se a Igreja do Embaré era muito longe, bem estávamos na Conselheiro Nébias com a Bartolomeu de Gusmão e, certamente, não era longe. Bom fui caminhando junto com as senhoras, afinal íamos na mesma direção, em silêncio. Certa hora, quando fomos atravessar a rua e uma das senhoras não viu o sinal fechado, puxei-a pelo braço e ela logo agradeceu. Esse foi o meu primeiro minuto de plena felicidade, ajudei alguém.

Depois de ter me agradecido, as senhoras começaram a conversar comigo. Primeiro me perguntaram se eu estudava à noite - pois observaram que eu carregava uma enorme mochila -, respondi educadamente que não, estudo no período da manhã, pois não funciono muito bem à noite. Depois me perguntaram em que série eu estava, respondi que na verdade faço faculdade. Em seguida, qual faculdade e em que ano estou, respondi em seqüencia: Direito, 4º ano. Foi quando uma das senhoras - parecendo chocada - me perguntou minha idade, respondi 20 anos. Nesse exato momento veio o minuto que me deixou feliz para toda vida, com uma das senhoras dizendo "JURA?! VOCÊ TEM CARA DE SER TÃO NOVINHA! PENSEI QUE TIVESSE 16 ANOS!". Foi espontâneo e tão natural que até doeu um pouco.

Continuei o caminho até em casa conversando com as senhoras, e estou agora feliz para toda a vida :)

# Mudando o assunto...

Estou assistindo "Brilho Eterno de uma mente sem lembranças" e, sabem, eu amo esse filme. É uma forma doentia de mostrar o que as decisões são capazes de fazer conosco.
Tenho reparado que penso demais nos filmes, livros, contos, histórias, tudo. Tudo que tiver personagens, tudo isso me atraí, tudo isso fascina, encanta e, por isso, me faz pensar.
Imaginei se eu gostaria de apagar as lembranças de alguém, e se me arrependeria disso, e descobri que não. Não quero apagar nada, nem as boas nem as ruins, nada. Imagino que se pudéssemos escolher as lembranças que gostaríamos de apagar, muitas pessoas iriam implorar para apagar os ex-namorados, os ex-amigos, etc. Mas fico pensando, uma memória ruim apagada deixa um buraco na nossa mente, fica faltando algo, é uma peça perdida do quebra-cabeça, e o quebra-cabeça só fica bonito quando tem todas as peças. Definitivamente eu quero ter o brilho eterno de minha mente com lembranças.

Foi mesmo só um comentário perdido. Mas, afinal, eu não disse que esse seria um post interessante, não é mesmo!? Hahaha

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Brasil. Meu Brasil brasileiro...

Postado por Vanessa Kairalla às 5/14/2009 12:53:00 PM
Em momento de extrema nostalgia, ousei lembrar uma infância que não me pareceu muito distante - nem poderia, pois seria desaforo dizer que minhas lembranças de menos de 20 anos atrás são distantes, enquanto outros lembram de 50 anos atrás -, onde algumas dúzias de crianças estavam, uniformizadas, mal humoradas, enfileiradas, com a mão direita devidamente colocada sobre o lado esquerdo do peito, de costas erguidas e cantando (certamente de má vontade) o nosso belíssimo Hino Nacional.

A fileira, que a cada dia tinha um aluno diferente como guia - e este obviamente deveria fingir felicidade e orgulho, que ficava a frente dos coleguinhas, ao lado do professor respectivo a sua série -, era (geralmente) irregular e totalmente desleixada. Às 7 horas e 30 minutos, com todos devidamente à postos, o hino começava a ecoar pelas paredes da escola, e logo se ouvia um ruído forte seguido pelas (desesperadoras) palavras "ouviram do Ipiranga às margens plácidas, de um povo heróico o brado retumbante (...)", e todos imediatamente se endireitavam e começavam a cantar. Alguns, realmente empolgados, gritavam o hino, enquanto os menos contentes com aquela situação - chamada por muitos de - constragedora, se aproveitando do bufante orgulho brasileiro alheio, somente moviam os lábios, dando a entender que estavam cantando. Claro que isso ocorria entre os menores, os mais medrosos. O maiores, mais indiscretos, sequer se davam ao trabalho de fingir alegria, quero dizer, eles estavam partes felizes, pois suas aulas começariam alguns minutos mais tarde, mas não gostavam da forma como o tempo extra que lhes era dado estava sendo utilizado.

Me permiti sentir saudades do hino de cada manhã. Todos os dias, a partir das 7h30 da manhã, havia pequenas filas de moleques cantando descontentes o hino nacional. Depois, ao invés de todos os dias, os hinos passaram a ser de segunda, quarta e sexta. Depois de terça e quinta. Até que, "finalmente", acabou-se a tradição de cantar o hino nacional.

A parte de mim que sentia saudade, logo saiu daquele passadinho breve, e me trouxe ao presente. Daí estive pensando, alguns dizem que os brasileiros só sabem reclamar e falar mal do nosso Brasil, dizem que não somos nem perto de patriotas, que quase todos dariam tudo para ser de outra nacionalidade. Ora, sejamos francos, nós humanos somos 10% instinto e 90% aprendizagem, como esperam patriotismo se não se ensina a ser patriota?

Honestamente, sou muito brasileira, e muito reclamona também, mas isso não me torna menos brasileira ou menos amante do meu país. Há "brasileiros" que não sabem SEQUER o Hino Nacional, isso é ofensivo. Você assiste uma partida de futebol entre o Brasil e qualquer outro país, os jogadores sabem cantar o hino de seu país, menos os jogadores brasileiros, que fazem que nem a minha turminha de criança na escola, e fica rebolando a boca pra dizer que sabe. Ou pior, ACHA que sabe, mas canta tudo TOTALMENTE errado. Eu sou patriota, não gostaria de não ser brasileira. Aliás ser brasileira é ser tudo. É ser portuguesa, espanhola, africana, é ser estados unidense, é ser inglesa, é ser francesa, japonesa, tudo. Nossa nacionalidade é a mistura de todas as outras nacionalidades.

Nossa terra tem todos os climas, e em si, plantando, tudo dá. Temos terra fértil, povo hospitaleiro, calor pra dar e vender, e a felicidade é tão grande que mesmo tendo muitos problemas conseguimos sair para tomar uma cervejinha gelada! Temos braço forte, não gostamos de trabalhar muito, porque tudo em excesso mata, mas com certeza o pouco que gostamos de trabalhar fazemos bem, obrigada! E se esse país é uma bagunça, com certeza o sonho de muito gringo era tá nessa marofa.

Desculpem, mas fiquei - com o perdão da palavra - puta de ser taxada de "não patriota", se eu não fosse patriota eu já tinha me mudado clandestina para qualquer outro lugar que não o Brasil. Sou patriota sim! E não porque vejo jogos da seleção em copas mundiais, ou em torço para o Brasil nas olimpíadas. Sou patriota porque - mesmo sendo mais afortunada que muita gente por aí - estou aqui e aqui permanecerei. O Brasil tá uma merda? Tá! Mas eu tô nessa merda também!
O Brasil tá crescendo? Tá! E eu tô crescendo também!
Agora não me venha com essa palhaçada de que nós somos um povo apatriotizado, que temos vergonha do nosso país e que só reclamamos e nada fazemos para mudar!

Brasil! Meu Brasil brasileiro... É assim que sempre foi e assim sempre será. Batendo a mão no peito só pra constar que sou casada com esse país faz 20 anos, e estou/estarei com ele, na felicidade e na tristeza, na saúde ou na doença, e nem a morte nos separa.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Próxima parada: Mundo.

Postado por Vanessa Kairalla às 5/12/2009 01:43:00 PM
"Acabou?", era um pensamento, certamente, apavorante.
"Acabou de começar", dizia se auto-reconfortando. "Acabou de começar", repetia inúmeras vezes, até que enfim absorvia e se acalmava.

É assim que fica meu coração cada dia que peso as coisas que quero fazer e aquelas que já fiz. Já dizia mamãe "duas medidas, dois pesos", não se pode comparar a vontade ao feito. Mas, sabem, não aprendo muito bem os ditados.

Entrei, quase que de supetão, em minha envelhecida e fraca memória - sabem, gosto de pensar que ela está gasta pelo excesso de uso, mesmo sabendo que não é verdade -, e vasculhei porta por porta, eram infinidades de inutilidades, montes e montes de cultura inútil acumuladas. Mas num cantinho escuro e embolorado, fora de todas as portas, em uma caixa de papelão um pouco destruída pela umidade, tinha algumas idéias, promessas, sonhos que precisavam ser lavados, secados, polidos e, enfim, guardados em prateleiras dignas de grandes obras de arte.

No meio dessas idéias, sonhos e promessas tinha um papel amarelado e enrolado, escrito com letras infantis diversas coisas a se fazer, a se ter, a se conquistar. Depois pude ver um pequeno caderninho, com letras já melhoradas pela prática de escrever, com outras listas, maiores e mais ambiciosas. Depois achei outro caderno, agora maior e com uma lista quase infinita e ainda mais ambiciosa que última. E por último um livro, grosso, com listas tão grandes que cansavam a vista, tinham letra mais legível e, as palavras utilizadas agora, mais madura e bem pensada.


Saí correndo pela porta dos fundos de minha memória, que passava pelo meu sistema límbico me arrastando pelo forte sentimento de vergonha e frustração. Pulei para fora de minha cabeça e fique me lamentando por dias a fio. Deixei a auto-piedade me acariciar devagar, mesmo sabendo o asco que sentia ao ser tocada por ela, deitei a cabeça sobre os seios do amor-próprio, deixando de ele me erguesse e me livrasse das falsidades incessantes da auto-piedade, senti que o amor-próprio empurrava, lenta e despercebidamente, aquelas mãos repugnantes que, aos poucos, sentindo que não era bem vinda, se afastou.
Logo o amor-próprio deu espaço para que o ego - o eu melhor que eu - levantasse minha cabeça e deixasse que algumas gotas de vigor tocasse minha pele em forma de raios solares. E pouco tempo depois, minha humildade - fiel companheira e prestimosa conselheira - me disse que eu já podia espalhar aos quatro ventos a minha terrível sensação de que tudo estaria acabado antes de cumprir a minhas promessas feitas a mim mesma, afinal se em 20 anos, nada fiz, o que me garante que viverei até os 50 para fazer algo?!

"Acabou?", pensava inevitavelmente, "Acabou?". Mas logo ecoava nas paredes dos ouvidos "Acabou de começar!"

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Num mundo sem saída.

Postado por Vanessa Kairalla às 5/11/2009 08:09:00 PM
"Escolhi certo!" - Logo pensei. Não podia ser melhor, não podia estar errada, não quanto aquilo que parecia e era tão bom. Era um mundo muito bem visto, principalmente pelos mais velhos e sábios - e isso era fato, afinal, pude ver nos olhos daqueles que sabiam pelo menos 30 ou 40 anos mais. Aquele mundo era muito diferente, quer dizer, podia ser muito diferente, mas com toda a certeza poderia ser igual - para o bom ou para o mau - a este mundo aqui.

Se essa decisão tivesse que ser tomada há alguns poucos anos atrás, certamente teria hesitado e talvez não passaria para o "lado de lá", mas esperei o tempo certo para me dar a chance de optar entre me perder por "lá" ou permanecer para sempre somente aqui.

Acontece que não existe exatamente o "lá" e o "aqui", pois tudo é "aqui", mas era difícil demais notar, até porque somente, nos breves momentos de página em página, o "lá" era muito mais palpável e concreto que o "aqui", mas quando as páginas - feito uma enorme porta pesada que fecha rudemente na cara de convidados - se fechava entre duas capas, ora grossa e dura, ora fina e maleável. Escolhi certamente as incertezas das páginas desconhecidas. Para chegar "lá" existem vários caminhos, e só se volta após o último ponto final da última página. A forma que mais gosto de viajar até lá é dentro do meu (suposto) refúgio.

Minha casa fica em frente à praia, quando você entra tem uma enorme varanda de vidro que forma um "L", saindo do elevador há um pequeno hall de entrada com uma porta de madeira - que raramente é fechada -, saindo do hall, logo em frente, se encontra a (quase extensa) sala, que se divide pela mobília entre sala de jantar (à esquerda) e sala de estar (à direita). Virando à direita, passando à sala de estar há uma porta branca - também raramente fechada - que dá para um curto corredor que leva aos quartos. A primeira porta à esquerda é um quarto pequeno, de paredes azuis claras, à direita há um armário embutido na parede em cor marfim, seguido de uma cama de solteiro que termina na outra parede, onde fica a janela. No canto direito, ao lado da janelinha de vidro, há um velho e turbulento ar-condicionado, na parede, logo abaixo dele, há uma mesinha cinza. Acima dela há um suporte de televisão - momentaneamente vazio, muito embora não me faça falta - ao lado da mesa cinza há uma sapateira e acima dela prateleiras onde ponho livros e alguns bichos de pelúcia nostálgicos. E é bem no meio, no chão, que eu gosto de sentar e caminhar para o outro mundo. O meu outro mundo.

Quando começo a caminhar para "lá", as coisas concretas à minha volta se corroem, como se apodrecessem, e caem quase estantaneamente. É como se um terremoto, abalasse tão somente meu quarto. E logo um novo cenário está posto. Às vezes como uma pequena sacada onde se ouvem serenatas, outras como um castelo esplendoroso coberto de ouro por todos os lados, certas vezes como as profundezas oceânicas e em algumas como enormes e assustadoras florestas. Aos poucos as palavras se tornavam exatamente aquilo que queria dizer, sendo tão concreta e real que o pequeno quarto parecia ainda menor com tantas coisas novas entrando e saindo dele.

Mas não se pareciam com as coisas comummente tocáveis, os cheiros tinha cores que deixavam transparecer do outro lado. Os gostos possuíam formas, e os sons eram exteriorizados conforme o trimbe. Os pios dos pássaros era cristais cumpridos, enquanto o ronco de um motor eram pedaços broncos de metal enferrujado.


Entrei, dentro do mesmo quarto pequeno, muitas portas diferentes, nelas conheci alguns que - de longe - mesmo parecendo loucura posso até chamar de "amigos", pois essa é uma boa palavra, ô se é! Pois eles, raramente, me decepcionam ao fim, e certamente me ensinam lições valiosas, e sofro com eles, bem como divido as felicidades, sei os segredos deles, e com certeza se tivesse algum segredo, com eles estariam seguros. São pessoas de caráter duvidoso, outras firmes e dignas, alguns jovens demais, outro de menos, mas todos especiais, pois se fossem reais, seriam como qualquer um de nós.

Optei, e não me arrependo. E agora estou perdida, novamente, dentro das fantasias, de onde não sei se tem volta, mas com certeza - se não tiver - não me fará falta.





* Viciei.
Me perdi, novamente.
Dessa vez para sempre.
Sumirei na fantasia.
Talvez seja esse o meu país das maravilhas.
Apaixonada por pedaços de papel, com meia dúzia de letras.

domingo, 10 de maio de 2009

O motivo perfeito para todos os outros motivos...

Postado por Vanessa Kairalla às 5/10/2009 06:57:00 PM
Ter um dia apenas seu. É... Acho que isso apetece as todos nós. Ser especial. Ser lembrado.

"Ora! Vanessa! É para isso que existem aniversários! Tolinha..." - pensam os raros leitores.

"Oh! Tola, eu?!" - pensa Vanessa aborrecida - "Ora! Aniversário não é tão especial assim! Vejam só! É um dia em que apenas lembram que você nasceu. Isso não significa de forma alguma merecimento!"

Foi assim que comecei a imaginar o motivo perfeito para entender o DIA DAS MÃES. Daí então a minha imaginação - a mesma da qual falei post passado - começou a se movimentar, como se fossem moléculas de água agitadas pelo calor excessivo. Logo imaginei que o dia poderia representar os sentimentos e a pessoa homenageada poderiam ser os sentidores.

De repente - em minha cabeça - estavam mulheres, muitas delas, em uma enorme sala totalmente branca e vazia. Estavam em pé, deitadas, sentadas e encostadas pelas paredes. Suas roupas também eram brancas, e estavam todas estáticas e sem afeições, não estavam tristes, estavam apenas sem sentimentos. As mulheres estavam fechadas e - embora tivessem diversas nacionalidades - todas sem cor. O silêncio era mortal, não se ouvia sequer as respirações, mas no instante seguinte, ouviu um riso pequeno e desajeitado. Ecoou pelas paredes até que, finalmente, caiu no chão e quebrou em milhões de pedaços. Os pequenos pedaços mancharam o chão branco de diversas cores, chamando a atenção daquelas mulheres. E novamente ouvi-se outro riso desajeitado, e foi acontecendo a mesma coisa repetidamente. Logo o chão estava coberto de cores. As mulheres pareciam nervosas, agitadas - bem como a minha imaginação - e logo começaram a tagarelar.

As vozes eram diferentes, umas roucas, outras agudas, outras graves e algumas suaves e aveludadas. Enquanto conversavam outro riso as pegou de sopetão, mas desta vez os pedacinhos cairam sobre as roupas das mulheres, e daí veio outro, mais outro e mais outro, em instantes estavam todas mergulhadas em cor. Partes que nem sabiam que existiam estavam sendo tocadas, de tal forma que parecia que partes muito intímas estavam sendo despidas. As cores invadiram com força as mulheres, que logo estavam reagindo à tanta mudança. Mergulhavam-se em lágrimas, ficavam sem ar de tanto rir, desvairavam-se em gritos e até mesmo agoniavam. As cores se misturavam e pulavam de mulher em mulher. Minutos depois cada cor era uma criança e, cada criança, tinha sua mulher.

As mulheres estavam tão ocupadas com suas crianças que não puderam perceber que a sala - antes vazia - agora estava dividida, separando cada uma delas. O vazio já havia passado e era tudo puro sentimento. Eram tantas sensações que inflavam cada célula do corpo, acelerava os corações e enchia os estomagos de borboletas. Estava tudo tão cheio que explodiu em forma de felicidade, que impregnou n'alma que todas elas.

Mães,

Imagino que - quando deram a luz - sentiram a explosão de felicidade tocar fundo dentro de si. Não sei como é ser mãe, nem como será, mas tenho certeza que é muito especial.
Nós - filhos - temos certeza de que somos suas cores, bem como vocês são as nossas. Sabemos que somos sentimentos, bem como vocês são. Sabemos que são especiais, e por isso merecem TODOS os dias.

Mamães, vocês são o motivo perfeito para todos os outros motivos que deram origem a esse dia tão especial. Vocês são o motivo perfeito para nossa existência, para nossa felicidade e para tudo.

FELIZ DIA PARA VOCÊS.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Dançando sobre a linha tênue que divide a minha realidade de toda e qualquer fantasia...

Postado por Vanessa Kairalla às 5/08/2009 04:12:00 PM
... acho que está passando. O meu receio quanto a minha própria forma de escrever, finalmente, está passando!

Não digo que estou escrevendo bem, pois mamãe sempre dizia que "Mentir é feio, menina!", mas com certeza agora não me repugno tanto. Erro, e não me xingo mais por isso. É como se o "Grilo Falante" tivesse se disvenciliado de Pinócchio e passasse a ser agora - somente - minha consciência, e ao invés de me mandar parar de mentir, ele me diz para não me martirizar por tão pouco.

E isso desde que me encantei pela trilogia "Fronteiras do Universo" - muito embora eu esteja ainda no segundo livro - de Philip Pullman. Depois que conheci a história da menina chamada Lyra - a qual me identifiquei muito - minha mente desvairada não para de fantasiar. E tudo o que vejo, ouço, cheiro, como, tudo se tornou surtos fantásticos de imaginação. Depois que li o primeiro (dos três) livros, comecei a escrever uma histórinha que ficou - inevitavelmente - parecida. Daí então os surtos imaginativos viraram pânico.
"Como ser tão sem criatividade" repetia a mim mesma. "Obviamente, é por isso não escrevo bem", tornava a me chicotear. Mas os surtos que viraram pânico passou - imperceptível - a nada. Sabe quando todos os picos de violentas emoções negativas passam a exatamente NADA, e você simplesmente não percebe?! Pois bem, isso me ocorreu. E foi tão rápido e faceiro que sequer notei quando.

Daí, a linha tênue entre realidade e todas as fantasia - onde eu me encontrava sentada, estagnada e completamente estática - começou lentamente a se movimentar, e antes que pudesse me dar conta eu estava de pé, em cima dela, dançando em ritmo lento, como se uma valsa vienense tocasse branda me convidando para dançar. Conforme meu corpo - ainda duro - se mexia e rodopiava, seguindo o clássico "dois para cá, dois para lá", podia ver dum lado a realidade e doutro a fantasia. Era a dança mais deliciosa da qual pude participar.

Do meu lado direito havia o carregado cinza das coisas concretas, eu via as possibilidades, sentia a firmeza das coisas que eu sabia, que se quisesse, podia tocar e carregar comigo para onde fosse. Eu via as tristezas e as felicidades, elas também eram concretas e - estranhamente - andavam de mãos dadas, mas eram simples passageiras, por isso, a cada volta dada elas iam e vinham de formas diferentes, dissipando-se no ar cada vez que eu lhes dava as costas.

Já o lado esquerdo as cores se confrontavam o tempo todo e formavam um tecido degrade brilhante, que podia ser mais bonito que a própria aurora boreal. Havia animais e monstros que jamais se poderiam ver do lado direito, o lado real. Algumas fumaças caiam do céu com cheiros de avelã, outros rios subiam para o céu, formando uma cachoeira anti-gravitacional. Os cheiros eram fortes e completamente distintos daqueles que vinham do lado oposto. Eram tudo completamente intocável, nada podia ser carregado ou guardado. E, coincidentemente, no lado da fantasia também haviam tristezas e felicidades. Elas também andavam de mãos dadas e se dissipavam ao dar as costas, mas elas não impregnavam na roupa, como as da realidade faziam.

De repente, aquilo que era uma valsa, explodiu em forma de samba - e as músicas vinham de ambos os lados - e a linha, que já era tênue, se tornava cada vez mais invisível e indesejável. Conforme meus pés dançavam por contra própria, o cinza era encharcado pelas cores da fantasia, e essas impregnavam de tal forma que me deixava com a certeza de que nunca mais sairiam. O tecido degrade e brilhantes de cores começaram a tocar tudo o que havia na minha realidade. O samba aumentava o ritmo cada vez mais, e a linha ia se apagando.

Quando o samba passou a ballet já era tarde demais, a fronteira que a minha realidade havia criado para afastar a insanidade da minha fantasia já havia desaparecido, como se um muro tivesse sido derrubado, sem dó ou piedade.
Os cheiros - todos eles - se intensificaram. Os perfumes cítricos eram puro limão, os doces eram o mel recém-fabricado. Os sons estão mais nítidos, o pio dos pássaros são óperas bem cantadas, e o ranger de peças enferrujadas de metal é o rock mais pesado de todos.

Foi a melhor coisa que eu fiz. Abrir as porteiras da minha fantasia. Até os meus momentos de insanidade me rendem deliciosos momentos de sonhos e, na maior parte deles eu estou incrivelmente acordada.


Chega né!? ahahaha parei de viajar. :B

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Descrições.

Postado por Vanessa Kairalla às 5/06/2009 04:19:00 PM
Eu gosto de acreditar que há em meu - já adormecido - cérebro uma nítida divisão (sem ser a de lobos e sulcos), onde 90% está reservado - por tempo indeterminado - para futilidades, enquanto os outros 10% aguardam instruções para receptar sinais de maturidade e responsabilidade.

Bem, os 90% são - obviamente - mais utilizados. E acabo de descobrir que eles amam descrições e odeiam nomes, compreendam que o amor e o ódio estão sempre muito próximo. Uma vez me disseram (não me lembro quem), que a maior dificuldade de compreensão dos homens surgem a partir do momento que ele dá nome às coisas. A partir do exato momento em que o local onde sentamos, que possui quatro matrizes de sustentação e pode ser de madeira, metal ou até mesmo plástico, passa a ser uma simples "cadeira", a filosofia morre e apenas somam-se números.

É como se, só pelo fato de saber que o lugar onde eu sento, que tem quatro matrizes de sustentação e pode ser de madeira, metal ou plástico, se chama cadeira, eu não precisasse mais entendê-la. Porque é o que acontece! Nós paramos de querer entender depois que sabemos o nome. Eu não preciso saber o que é um sapato, porque eu já sei que aquilo que eu ponho em meus pés para caminhar se chama sapato. Daí ficamos estagnados, porque somos apenas informantes de pontos de referência. Não precisamos saber o que são as coisas, desde que possamos apontá-las.

Logo pensa-se que "apenas uma descrição à menos, não fará mal algum", mas fará, as pessoas precisam de nomes, não as coisas, na verdade não se aprende mais a descrever e pensar nas coisas, elas aprendem a decorar nomes, e isso deixa meus 90% simplesmente irados. Porque dói saber que a cansativa base da nossa vida, a bendita filosofia, se perde entre curtas frases mencionadas raramente pelos que ainda se lembram que - algum dia há muito tempo - algumas filosofavam e pensavam sobre tudo, todos, todo o tempo. Porque o que agora é simplesmente ridículo, um dia foi uma descoberta impressionante, pois se "no meio do caminho havia uma pedra, havia uma pedra no meio do caminho" é porque um dia Carlos Drummond de Andrade pensou muito. E, como já dizia Socrates, "Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância."

Também não estudo nunca, e sequer me dou ao trabalho de pensar o tempo inteiro, mas as pessoas apertaram um botão de "pause" muito grande e - pelo visto - ele travou, ou será que é o play que não quer funcionar?! Agora, preciso pensar.




*~ Mudando de assunto.

Nomes de pessoas. Preciso de nomes bonitos, fortes e MUITO brasileiros.

Apaga tudo!

Com papel, lápis e uma - já gasta - borracha, comecei a jornada. Era, inicialmente, uma idéia de prazer, onde tudo o que já havia passado seria revisto com apenas meus olhos. Seria só de um ponto de vista e, certamente inquestionável. Estaria tudo certo, o meu certo.
Se o vento soprasse brando demais para os outros, pouco importaria, seria a minha tempestade. E somente eu a enfrentaria tão bravamente, daquela mesma forma de antes. Acontece que no meio dos meus pensamentos, de todos eles, eu achei que o meu ponto de vista sobre mim seria o deturpado, me favorecendo, me vangloriando dos meus imaginados feitos; na verdade não era. Nada era imaginado, e como isso doía. A minha personagem interpretada por mim era fraca, estúpida, mal educada, repleta de defeitos, exatamente igual à realidade. Meus olhos não eram mais vivos, tampouco mais bonitos. Meus cabelos não brilhavam mais, se quer eram mais lisos. Meu amor-próprio também era fictício, e minhas qualidades inexistentes.

Imaginei que o braço seria forte, capaz de atitudes hercúleas, mas era franzinos e sequer levantavam o mesmo lápis usado para escrever. As minhas tempestades eram devastadoras; as lágrimas começaram a escorrer diante de tamanha desgraça, e logo estava formada a minha enchente particular, e ela parecia sentir um prazer absurdo em me sufocar. Engoli litros de lágrimas até que, enfim, me afoguei, morrendo dolorosamente.

Senti que qualquer resquício de felicidade que pudesse estar presente em qualquer célula escondida de meu corpo, fugia e escapava com muita facilidade, por entre meus dedos, através de meus olhos, ouvidos ou boca, sumindo à cada respiração. Apertei meus braços e pernas e eram reais, o papel estava vazio, assim como eu. As letras se contorciam entre pequenas expressões de dor, os "ais" ficavam mais freqüentes, até que não mais me incomodavam.

Fechei os olhos com força, tomando o cuidado de esfregá-los bem forte antes de abri-los novamente, mas tudo estava embaçado demais. As cores escapavam para longe o mais rápido que podiam. E tudo que me rodeava morria rapidamente. O cheiro era tão podre quanto a aparência, era tudo desagradável aos sentidos. Nada prestava, e em nada eu era boa. Corria para todos os lados implorando ajuda, mas tudo o que eu tocava morria, e - antes que fosse perceptível - eu também já estava morta. Eu havia apodrecido, igual ao meu cenário macabro e solitário, e de dentro para fora.

O medo finalmente passava, e agora não era possível ouvir mais som algum, tudo estava sem cor, sem cheiro, sem vida. Minha pele era pálida e fria, meus olhos fundos e opacos e minha mente, agora, era inerte. O meu ponto de vista era realmente só meu.

Larguei o lápis. Peguei a borracha mínima e apaguei tudo.



(esqueçam... desisto de escrever... ahahaha)

Tenho uma nova teoria. Uma nova equação. Família + TPM = depressão profunda e amarga.

Implorando por um minuto de esquecimento.

Volta pra tua turma!!!

Pois é, hoje fiquei indignada com a capacidade das pessoas de serem tão ESTÚPIDAS! Ocorre que, sabe-se lá o motivo, cerca de 10 alunos da outra turma vieram assistir aula na minha sala hoje, até aí tudo ótimo, afinal de contas, acho que quanto mais as salas estiverem unidas mais divertido é.

Bom, primeira dica para quem vai assistir aula em outra turma: NÃO FAÇAM PERGUNTAS QUE NÃO CONDIGA COM A MATÉRIA, porra! Se a aula é de MEDICINA LEGAL, pelo amor de DEUS não me faça pergunta de penal! Puta quem me pariu, por mais que tenha o LEGAL depois de MEDICINA, não quer dizer que envolva DIREITO PENAL! Com todo o respeito, mas POUCO FODA-SE se a pessoa matou alguém por motivo torpe... o que importa para MEDICINA LEGAL é: MORREU.

Segunda dica: NÃO CONVERSEM MAIS QUE OS PRÓPRIOS ALUNOS DA TURMA QUE VOCÊ INVADIU! Desculpa gente, mas se EU que sou dessa TURMA não estou conversando (no caso gritando) não serão vocês que o farão, não é mesmo?!

Terceira dica: NÃO IMPORTA SE O PROFESSOR É O SEU MELHOR AMIGO, PELAMORDEDEUS NÃO PUXE-LAMBA-SUGUE-SACO EM AULAS ALHEIAS! Quer coisa mais irritante que puxa-saco? PUXA-SACO INVASOR! Porra, de boa, eu adorooo fazer amizade, mas é uma puta chatice ter que aguentar gente elogiando exageradamente o professor para que ele note nem que seja por segundos a presença do maldito ser escroto naquela sala de aula repleta de aula.

Hahaha, tá, talvez eu esteja sendo muito radical, aliás, eu geralmente nem presto atenção nas aulas, mas me irrita ver que a matéria empaca naquele mesmo ciclo de perguntas idiotas o tempo inteiro. E me irrita mais ainda saber que as pessoas simplesmente vão para a sala alheia para brincar, fofocar, puxar-lamber-sugar-saco do professor ou fazer perguntas que não tem nada a ver com a matéria. É que me irrita tanto quando é gente da minha turma, imagina o quanto não me irrita quando é um forasteiro, né?!

Não tô achando ruim de terem ido, mas tô achando ruim as atitudes estúpidas ou infantis que as pessoas têm.

Ah! Preciso voltar a falar de coisas interessantes né?! Quem concorda levanta a mão! o/o/o/o/o/o/o/o/

Promessa: Próximo post, esforço máximo para texto interessante :)

Reclamando de barriga cheia...

Para os místicos, seria o cosmo. Para os religiosos, vontade de Deus. Para os neuróticos, uma conspiração. Para os pessimistas, o óbvio. Para os otimistas, uma fase. Para os que sofreram, uma dor. Para os que não sofreram, só mais um caso com mais alguém.

Seja lá como for, as pessoas gostam de arranjar explicações para as coisas que acontecem. Por que chove, do que são feitas as coisas, por que existimos, gostamos de saber tudo. Mas algumas coisas não são fáceis de serem entendidas e, simplesmente não merecem o esforço da nossa compreensão.

Ocorre que pessoas (estou falando de mim, certamente) que têm tudo o que querem sempre dão um jeito de reclamar do seu excessivo conforto. E esse post não é uma reclamação. Talvez dessa vez eu cumpra as promessas que faço à mim sempre que posso. Sempre prometo muitas coisas à mim, mas não cumpro quase nenhuma delas, digamos que - quando se trata de eu prometer a mim - eu não consigo honrar as minhas palavras.
Prometo sempre: "Esse ano! É esse ano! Esse é o ano que eu vou estudar!" ou então "Esse ano terei uma vida mais saudável!", ou ainda "Eu prometo que vou parar de reclamar da minha vida!", essas promessas são as mais frenquentes que jamais cumpri, em 20 anos de vida.

Acontece que estudar e ter uma vida mais saudável é, obviamente, uma questão de esforço, o qual a minha preguiça ataca com unhas e dentes, atando meus braços e pernas para que eu JAMAIS me deixe cair na tentação. Agora a RECLAMAÇÃO, essa não é assim tão fácil. Como já diz meu pai "Reclamar é um vício!", e de fato é!
A minha vida sempre foi ÓTIMA, nunca passei fome; fico doente facilmente, mas por sorte, meu pai sempre teve dinheiro para bancar bons médicos e bons remédios para mim; sempre estudei em colégio particular e bons; sempre ganhei presentes o ano inteiro; sempre saí para onde eu quisesse; sempre esbanjei o suor do rosto do meu pai. Não me orgulho de ser assim, aliás, fui criada assim. Mas a minha "vergonha-na-cara" me permite ter a decência de retribuir todo esse esforço do meu pai, lhe proporcionando uma futura velhice confortável.

Mesmo com essa vida perfeita, cheia de familiares, amigos e tudo - ou muito próximo de tudo - o que quero, eu sempre reclamei. Reclamo porque meus familiares folgam comigo, e porque não me ouvem. Reclamo porque as coisas simplesmente não saem como eu quero, e porque odeio determinadas coisas. Mas ontem, ontem eu estava feliz. Ô! Como estava! Não tinha do que reclamar! Meu sorriso - que ia de orelha a orelha - era tão grande que meus lábios sumiam acima dos dentes amarelados e levemente entortados. E quando tudo vai muito bem, certamente algo irá piorar.

Meu pai chegou em casa, faltavam 20 minutos para meia-noite. Ele estava, visivelmente, cansado da viagem que teve de fazer à trabalho na cidade de Avaré no interior do interior de São Paulo. Ele sentou na sua cadeira de rodas estrategicamente posicionada em frente ao elevador e se arrastou até a sala, onde pude notar os olhos vermelhos chorosos e decepcionado. Fiquei olhando para ele, sem dizer nada, esperando ele começar. Logo ele estava falando:

"- Sabe filha, hoje me ocorreu uma coisa que, NUNCA, em minha vida eu achei que fosse acontecer..."

Quando ele disse essa primeira frase pensei "Fudeu! Meu pai matou alguém atropelado!", mas antes que eu pudesse dar um salto do sofá para acudi-lo ele retornou a falar e dizia:

"- Eu havia ido até o meu cliente em Avaré, e ele me perguntou se eu preferia receber em dinheiro ou em depósito, eu pedi em dinheiro, porque dá última vez ele teve problemas com o depósito. Bem, antes de sair de lá, ele me pediu que - no caminho de volta - passasse em na casa da filha dele em São Paulo para deixar com ela uma caixa... Bom, era caminho, eu disse que tudo bem, e fui deixar a caixa para a menina."

Doía cada palavra, eu sei que doía. Meu pai não uma pessoas transparente, ele sabe disfarçar os problemas, as tristezas. Ele - mesmo quando está perdido demais - não dá nenhum sinal do seu estado emocional, mas ontem estava visível.

"-Deixei a caixa na casa dela, virei numa rua para pegar a marginal e vir para Santos, quando avistei - lá do começo da quadra - três crianças e uma mulher. Eu sou desconfiado, já fui assaltado muitas vezes, e geralmente paro no meio da quadra e espero o sinal abrir. Mas hoje, filha, eu parei no sinal certinho, pois achei que eles iriam querer esmola, e eu tinha separado 20 reais para lhes dar. Quando eu parei, um dos menininhos apontou uma arma na minha cabeça, e os outros dois ficaram revistando o carro. O menininho que estava armado me pediu para descer, e eu disse que sou deficiente físico e o tempo que eu demoraria para descer do carro poderia chegar alguém e pegá-los, a mulher ficava gritando para o menino atirar, ela dizia: "ATIRA! ATIRA! ELE ESTÁ ESCONDENDO O DINHEIRO! ATIRA NA CARA DELE!", e eu estava tão chocado e não sabia o que fazer... Entreguei meus celulares, todo o meu dinheiro e eles se afastaram..."

Quando ele me contou eu fiquei estática, eu queria chorar, não pelo assalto, mas pelo medo. Eu estava sentindo o medo passando por cima da minha pele, ele me tocava em todas as partes que podia. Não tenho muitos medos, mas os poucos que tenho fazem meu coração parar de bater. Eu sentia que minha cabeça gritava quase explodindo, meu coração já havia ido parar na boca e haviam muitas borboletas sapateando em meu estômago.

"- Com certeza aquela vaca não era mãe daqueles garotinhos! Não tem como uma mãe fazer isso..." - meu pai xingou a mulher, ele realmente a odeia, deu para sentir. Meu pai raramente xinga, mas dessa vez não era uma xingamento simples, era uma expressão de ódio.

"- Depois passei em frente a um posto Ipiranga que estava na esquina oposta a do meu assalto e o frentista que viu tudo disse que eles ficam ali de 2 à 3 vezes por semana assaltando as pessoas! Voltei até a casa da filha do meu cliente para pedir dinheiro emprestado para pagar o pedágio... Parece que quando as coisas vão mal, Deus sempre dá um jeito de mostrar para nós que pode piorar!"

Foi assim que meu pai terminou de me contar o seu assalto.

Quando ele terminou pensei em como eu sou sortuda! Imaginem o que seria de mim se meu pai, meu herói não tivesse entregado o dinheiro àquelas crianças. Imaginem se as crianças seguissem o conselho daquela nojenta e atirassem na cabeça do meu pai!? Acho que eu morreria.

Mas como já diziam os sábios "Quando se está no fundo do poço a única saída que tem é por cima!"

É irritante e incompreensível como as pessoas fazem esse tipo de coisa! Quero dizer, com certeza a miséria nos deixa desesperados, mas ameaçar atirar na cabeça de alguém por causa de dinheiro, é simplesmente horripilante. Até porque, sabem que o povo brasileiro é bom, sabemos que as pessoas dão dinheiro para os pedintes no trânsito. Sei de casos que tiram 4 mil reais por mês só de esmola.
Dá raiva! Raiva da falta de segurança brasileira. Dá raiva, de como pagamos uma taxa tributária de 38,5% da nossa renda e ainda temos que sofrer esse tipo de coisa. Mas, aconteceu e, ainda bem, já passou. Espero que daqui só seja para melhor!

Desculpem o texto não interessante, mas meu coração falou para desabafar antes que meu peito ficasse pequeno demais para conter o meu medo.

Feliz para toda a vida!

Todas as quartas-feiras eu participo de um Grupo de Estudos de Direito Marítimo, e hoje - como de costume - eu fui à faculdade para participar de mais uma reunião.

No caminho de volta para casa encontrei duas senhoras que perguntaram se a Igreja do Embaré era muito longe, bem estávamos na Conselheiro Nébias com a Bartolomeu de Gusmão e, certamente, não era longe. Bom fui caminhando junto com as senhoras, afinal íamos na mesma direção, em silêncio. Certa hora, quando fomos atravessar a rua e uma das senhoras não viu o sinal fechado, puxei-a pelo braço e ela logo agradeceu. Esse foi o meu primeiro minuto de plena felicidade, ajudei alguém.

Depois de ter me agradecido, as senhoras começaram a conversar comigo. Primeiro me perguntaram se eu estudava à noite - pois observaram que eu carregava uma enorme mochila -, respondi educadamente que não, estudo no período da manhã, pois não funciono muito bem à noite. Depois me perguntaram em que série eu estava, respondi que na verdade faço faculdade. Em seguida, qual faculdade e em que ano estou, respondi em seqüencia: Direito, 4º ano. Foi quando uma das senhoras - parecendo chocada - me perguntou minha idade, respondi 20 anos. Nesse exato momento veio o minuto que me deixou feliz para toda vida, com uma das senhoras dizendo "JURA?! VOCÊ TEM CARA DE SER TÃO NOVINHA! PENSEI QUE TIVESSE 16 ANOS!". Foi espontâneo e tão natural que até doeu um pouco.

Continuei o caminho até em casa conversando com as senhoras, e estou agora feliz para toda a vida :)

# Mudando o assunto...

Estou assistindo "Brilho Eterno de uma mente sem lembranças" e, sabem, eu amo esse filme. É uma forma doentia de mostrar o que as decisões são capazes de fazer conosco.
Tenho reparado que penso demais nos filmes, livros, contos, histórias, tudo. Tudo que tiver personagens, tudo isso me atraí, tudo isso fascina, encanta e, por isso, me faz pensar.
Imaginei se eu gostaria de apagar as lembranças de alguém, e se me arrependeria disso, e descobri que não. Não quero apagar nada, nem as boas nem as ruins, nada. Imagino que se pudéssemos escolher as lembranças que gostaríamos de apagar, muitas pessoas iriam implorar para apagar os ex-namorados, os ex-amigos, etc. Mas fico pensando, uma memória ruim apagada deixa um buraco na nossa mente, fica faltando algo, é uma peça perdida do quebra-cabeça, e o quebra-cabeça só fica bonito quando tem todas as peças. Definitivamente eu quero ter o brilho eterno de minha mente com lembranças.

Foi mesmo só um comentário perdido. Mas, afinal, eu não disse que esse seria um post interessante, não é mesmo!? Hahaha

Brasil. Meu Brasil brasileiro...

Em momento de extrema nostalgia, ousei lembrar uma infância que não me pareceu muito distante - nem poderia, pois seria desaforo dizer que minhas lembranças de menos de 20 anos atrás são distantes, enquanto outros lembram de 50 anos atrás -, onde algumas dúzias de crianças estavam, uniformizadas, mal humoradas, enfileiradas, com a mão direita devidamente colocada sobre o lado esquerdo do peito, de costas erguidas e cantando (certamente de má vontade) o nosso belíssimo Hino Nacional.

A fileira, que a cada dia tinha um aluno diferente como guia - e este obviamente deveria fingir felicidade e orgulho, que ficava a frente dos coleguinhas, ao lado do professor respectivo a sua série -, era (geralmente) irregular e totalmente desleixada. Às 7 horas e 30 minutos, com todos devidamente à postos, o hino começava a ecoar pelas paredes da escola, e logo se ouvia um ruído forte seguido pelas (desesperadoras) palavras "ouviram do Ipiranga às margens plácidas, de um povo heróico o brado retumbante (...)", e todos imediatamente se endireitavam e começavam a cantar. Alguns, realmente empolgados, gritavam o hino, enquanto os menos contentes com aquela situação - chamada por muitos de - constragedora, se aproveitando do bufante orgulho brasileiro alheio, somente moviam os lábios, dando a entender que estavam cantando. Claro que isso ocorria entre os menores, os mais medrosos. O maiores, mais indiscretos, sequer se davam ao trabalho de fingir alegria, quero dizer, eles estavam partes felizes, pois suas aulas começariam alguns minutos mais tarde, mas não gostavam da forma como o tempo extra que lhes era dado estava sendo utilizado.

Me permiti sentir saudades do hino de cada manhã. Todos os dias, a partir das 7h30 da manhã, havia pequenas filas de moleques cantando descontentes o hino nacional. Depois, ao invés de todos os dias, os hinos passaram a ser de segunda, quarta e sexta. Depois de terça e quinta. Até que, "finalmente", acabou-se a tradição de cantar o hino nacional.

A parte de mim que sentia saudade, logo saiu daquele passadinho breve, e me trouxe ao presente. Daí estive pensando, alguns dizem que os brasileiros só sabem reclamar e falar mal do nosso Brasil, dizem que não somos nem perto de patriotas, que quase todos dariam tudo para ser de outra nacionalidade. Ora, sejamos francos, nós humanos somos 10% instinto e 90% aprendizagem, como esperam patriotismo se não se ensina a ser patriota?

Honestamente, sou muito brasileira, e muito reclamona também, mas isso não me torna menos brasileira ou menos amante do meu país. Há "brasileiros" que não sabem SEQUER o Hino Nacional, isso é ofensivo. Você assiste uma partida de futebol entre o Brasil e qualquer outro país, os jogadores sabem cantar o hino de seu país, menos os jogadores brasileiros, que fazem que nem a minha turminha de criança na escola, e fica rebolando a boca pra dizer que sabe. Ou pior, ACHA que sabe, mas canta tudo TOTALMENTE errado. Eu sou patriota, não gostaria de não ser brasileira. Aliás ser brasileira é ser tudo. É ser portuguesa, espanhola, africana, é ser estados unidense, é ser inglesa, é ser francesa, japonesa, tudo. Nossa nacionalidade é a mistura de todas as outras nacionalidades.

Nossa terra tem todos os climas, e em si, plantando, tudo dá. Temos terra fértil, povo hospitaleiro, calor pra dar e vender, e a felicidade é tão grande que mesmo tendo muitos problemas conseguimos sair para tomar uma cervejinha gelada! Temos braço forte, não gostamos de trabalhar muito, porque tudo em excesso mata, mas com certeza o pouco que gostamos de trabalhar fazemos bem, obrigada! E se esse país é uma bagunça, com certeza o sonho de muito gringo era tá nessa marofa.

Desculpem, mas fiquei - com o perdão da palavra - puta de ser taxada de "não patriota", se eu não fosse patriota eu já tinha me mudado clandestina para qualquer outro lugar que não o Brasil. Sou patriota sim! E não porque vejo jogos da seleção em copas mundiais, ou em torço para o Brasil nas olimpíadas. Sou patriota porque - mesmo sendo mais afortunada que muita gente por aí - estou aqui e aqui permanecerei. O Brasil tá uma merda? Tá! Mas eu tô nessa merda também!
O Brasil tá crescendo? Tá! E eu tô crescendo também!
Agora não me venha com essa palhaçada de que nós somos um povo apatriotizado, que temos vergonha do nosso país e que só reclamamos e nada fazemos para mudar!

Brasil! Meu Brasil brasileiro... É assim que sempre foi e assim sempre será. Batendo a mão no peito só pra constar que sou casada com esse país faz 20 anos, e estou/estarei com ele, na felicidade e na tristeza, na saúde ou na doença, e nem a morte nos separa.

Próxima parada: Mundo.

"Acabou?", era um pensamento, certamente, apavorante.
"Acabou de começar", dizia se auto-reconfortando. "Acabou de começar", repetia inúmeras vezes, até que enfim absorvia e se acalmava.

É assim que fica meu coração cada dia que peso as coisas que quero fazer e aquelas que já fiz. Já dizia mamãe "duas medidas, dois pesos", não se pode comparar a vontade ao feito. Mas, sabem, não aprendo muito bem os ditados.

Entrei, quase que de supetão, em minha envelhecida e fraca memória - sabem, gosto de pensar que ela está gasta pelo excesso de uso, mesmo sabendo que não é verdade -, e vasculhei porta por porta, eram infinidades de inutilidades, montes e montes de cultura inútil acumuladas. Mas num cantinho escuro e embolorado, fora de todas as portas, em uma caixa de papelão um pouco destruída pela umidade, tinha algumas idéias, promessas, sonhos que precisavam ser lavados, secados, polidos e, enfim, guardados em prateleiras dignas de grandes obras de arte.

No meio dessas idéias, sonhos e promessas tinha um papel amarelado e enrolado, escrito com letras infantis diversas coisas a se fazer, a se ter, a se conquistar. Depois pude ver um pequeno caderninho, com letras já melhoradas pela prática de escrever, com outras listas, maiores e mais ambiciosas. Depois achei outro caderno, agora maior e com uma lista quase infinita e ainda mais ambiciosa que última. E por último um livro, grosso, com listas tão grandes que cansavam a vista, tinham letra mais legível e, as palavras utilizadas agora, mais madura e bem pensada.


Saí correndo pela porta dos fundos de minha memória, que passava pelo meu sistema límbico me arrastando pelo forte sentimento de vergonha e frustração. Pulei para fora de minha cabeça e fique me lamentando por dias a fio. Deixei a auto-piedade me acariciar devagar, mesmo sabendo o asco que sentia ao ser tocada por ela, deitei a cabeça sobre os seios do amor-próprio, deixando de ele me erguesse e me livrasse das falsidades incessantes da auto-piedade, senti que o amor-próprio empurrava, lenta e despercebidamente, aquelas mãos repugnantes que, aos poucos, sentindo que não era bem vinda, se afastou.
Logo o amor-próprio deu espaço para que o ego - o eu melhor que eu - levantasse minha cabeça e deixasse que algumas gotas de vigor tocasse minha pele em forma de raios solares. E pouco tempo depois, minha humildade - fiel companheira e prestimosa conselheira - me disse que eu já podia espalhar aos quatro ventos a minha terrível sensação de que tudo estaria acabado antes de cumprir a minhas promessas feitas a mim mesma, afinal se em 20 anos, nada fiz, o que me garante que viverei até os 50 para fazer algo?!

"Acabou?", pensava inevitavelmente, "Acabou?". Mas logo ecoava nas paredes dos ouvidos "Acabou de começar!"

Num mundo sem saída.

"Escolhi certo!" - Logo pensei. Não podia ser melhor, não podia estar errada, não quanto aquilo que parecia e era tão bom. Era um mundo muito bem visto, principalmente pelos mais velhos e sábios - e isso era fato, afinal, pude ver nos olhos daqueles que sabiam pelo menos 30 ou 40 anos mais. Aquele mundo era muito diferente, quer dizer, podia ser muito diferente, mas com toda a certeza poderia ser igual - para o bom ou para o mau - a este mundo aqui.

Se essa decisão tivesse que ser tomada há alguns poucos anos atrás, certamente teria hesitado e talvez não passaria para o "lado de lá", mas esperei o tempo certo para me dar a chance de optar entre me perder por "lá" ou permanecer para sempre somente aqui.

Acontece que não existe exatamente o "lá" e o "aqui", pois tudo é "aqui", mas era difícil demais notar, até porque somente, nos breves momentos de página em página, o "lá" era muito mais palpável e concreto que o "aqui", mas quando as páginas - feito uma enorme porta pesada que fecha rudemente na cara de convidados - se fechava entre duas capas, ora grossa e dura, ora fina e maleável. Escolhi certamente as incertezas das páginas desconhecidas. Para chegar "lá" existem vários caminhos, e só se volta após o último ponto final da última página. A forma que mais gosto de viajar até lá é dentro do meu (suposto) refúgio.

Minha casa fica em frente à praia, quando você entra tem uma enorme varanda de vidro que forma um "L", saindo do elevador há um pequeno hall de entrada com uma porta de madeira - que raramente é fechada -, saindo do hall, logo em frente, se encontra a (quase extensa) sala, que se divide pela mobília entre sala de jantar (à esquerda) e sala de estar (à direita). Virando à direita, passando à sala de estar há uma porta branca - também raramente fechada - que dá para um curto corredor que leva aos quartos. A primeira porta à esquerda é um quarto pequeno, de paredes azuis claras, à direita há um armário embutido na parede em cor marfim, seguido de uma cama de solteiro que termina na outra parede, onde fica a janela. No canto direito, ao lado da janelinha de vidro, há um velho e turbulento ar-condicionado, na parede, logo abaixo dele, há uma mesinha cinza. Acima dela há um suporte de televisão - momentaneamente vazio, muito embora não me faça falta - ao lado da mesa cinza há uma sapateira e acima dela prateleiras onde ponho livros e alguns bichos de pelúcia nostálgicos. E é bem no meio, no chão, que eu gosto de sentar e caminhar para o outro mundo. O meu outro mundo.

Quando começo a caminhar para "lá", as coisas concretas à minha volta se corroem, como se apodrecessem, e caem quase estantaneamente. É como se um terremoto, abalasse tão somente meu quarto. E logo um novo cenário está posto. Às vezes como uma pequena sacada onde se ouvem serenatas, outras como um castelo esplendoroso coberto de ouro por todos os lados, certas vezes como as profundezas oceânicas e em algumas como enormes e assustadoras florestas. Aos poucos as palavras se tornavam exatamente aquilo que queria dizer, sendo tão concreta e real que o pequeno quarto parecia ainda menor com tantas coisas novas entrando e saindo dele.

Mas não se pareciam com as coisas comummente tocáveis, os cheiros tinha cores que deixavam transparecer do outro lado. Os gostos possuíam formas, e os sons eram exteriorizados conforme o trimbe. Os pios dos pássaros era cristais cumpridos, enquanto o ronco de um motor eram pedaços broncos de metal enferrujado.


Entrei, dentro do mesmo quarto pequeno, muitas portas diferentes, nelas conheci alguns que - de longe - mesmo parecendo loucura posso até chamar de "amigos", pois essa é uma boa palavra, ô se é! Pois eles, raramente, me decepcionam ao fim, e certamente me ensinam lições valiosas, e sofro com eles, bem como divido as felicidades, sei os segredos deles, e com certeza se tivesse algum segredo, com eles estariam seguros. São pessoas de caráter duvidoso, outras firmes e dignas, alguns jovens demais, outro de menos, mas todos especiais, pois se fossem reais, seriam como qualquer um de nós.

Optei, e não me arrependo. E agora estou perdida, novamente, dentro das fantasias, de onde não sei se tem volta, mas com certeza - se não tiver - não me fará falta.





* Viciei.
Me perdi, novamente.
Dessa vez para sempre.
Sumirei na fantasia.
Talvez seja esse o meu país das maravilhas.
Apaixonada por pedaços de papel, com meia dúzia de letras.

O motivo perfeito para todos os outros motivos...

Ter um dia apenas seu. É... Acho que isso apetece as todos nós. Ser especial. Ser lembrado.

"Ora! Vanessa! É para isso que existem aniversários! Tolinha..." - pensam os raros leitores.

"Oh! Tola, eu?!" - pensa Vanessa aborrecida - "Ora! Aniversário não é tão especial assim! Vejam só! É um dia em que apenas lembram que você nasceu. Isso não significa de forma alguma merecimento!"

Foi assim que comecei a imaginar o motivo perfeito para entender o DIA DAS MÃES. Daí então a minha imaginação - a mesma da qual falei post passado - começou a se movimentar, como se fossem moléculas de água agitadas pelo calor excessivo. Logo imaginei que o dia poderia representar os sentimentos e a pessoa homenageada poderiam ser os sentidores.

De repente - em minha cabeça - estavam mulheres, muitas delas, em uma enorme sala totalmente branca e vazia. Estavam em pé, deitadas, sentadas e encostadas pelas paredes. Suas roupas também eram brancas, e estavam todas estáticas e sem afeições, não estavam tristes, estavam apenas sem sentimentos. As mulheres estavam fechadas e - embora tivessem diversas nacionalidades - todas sem cor. O silêncio era mortal, não se ouvia sequer as respirações, mas no instante seguinte, ouviu um riso pequeno e desajeitado. Ecoou pelas paredes até que, finalmente, caiu no chão e quebrou em milhões de pedaços. Os pequenos pedaços mancharam o chão branco de diversas cores, chamando a atenção daquelas mulheres. E novamente ouvi-se outro riso desajeitado, e foi acontecendo a mesma coisa repetidamente. Logo o chão estava coberto de cores. As mulheres pareciam nervosas, agitadas - bem como a minha imaginação - e logo começaram a tagarelar.

As vozes eram diferentes, umas roucas, outras agudas, outras graves e algumas suaves e aveludadas. Enquanto conversavam outro riso as pegou de sopetão, mas desta vez os pedacinhos cairam sobre as roupas das mulheres, e daí veio outro, mais outro e mais outro, em instantes estavam todas mergulhadas em cor. Partes que nem sabiam que existiam estavam sendo tocadas, de tal forma que parecia que partes muito intímas estavam sendo despidas. As cores invadiram com força as mulheres, que logo estavam reagindo à tanta mudança. Mergulhavam-se em lágrimas, ficavam sem ar de tanto rir, desvairavam-se em gritos e até mesmo agoniavam. As cores se misturavam e pulavam de mulher em mulher. Minutos depois cada cor era uma criança e, cada criança, tinha sua mulher.

As mulheres estavam tão ocupadas com suas crianças que não puderam perceber que a sala - antes vazia - agora estava dividida, separando cada uma delas. O vazio já havia passado e era tudo puro sentimento. Eram tantas sensações que inflavam cada célula do corpo, acelerava os corações e enchia os estomagos de borboletas. Estava tudo tão cheio que explodiu em forma de felicidade, que impregnou n'alma que todas elas.

Mães,

Imagino que - quando deram a luz - sentiram a explosão de felicidade tocar fundo dentro de si. Não sei como é ser mãe, nem como será, mas tenho certeza que é muito especial.
Nós - filhos - temos certeza de que somos suas cores, bem como vocês são as nossas. Sabemos que somos sentimentos, bem como vocês são. Sabemos que são especiais, e por isso merecem TODOS os dias.

Mamães, vocês são o motivo perfeito para todos os outros motivos que deram origem a esse dia tão especial. Vocês são o motivo perfeito para nossa existência, para nossa felicidade e para tudo.

FELIZ DIA PARA VOCÊS.

Dançando sobre a linha tênue que divide a minha realidade de toda e qualquer fantasia...

... acho que está passando. O meu receio quanto a minha própria forma de escrever, finalmente, está passando!

Não digo que estou escrevendo bem, pois mamãe sempre dizia que "Mentir é feio, menina!", mas com certeza agora não me repugno tanto. Erro, e não me xingo mais por isso. É como se o "Grilo Falante" tivesse se disvenciliado de Pinócchio e passasse a ser agora - somente - minha consciência, e ao invés de me mandar parar de mentir, ele me diz para não me martirizar por tão pouco.

E isso desde que me encantei pela trilogia "Fronteiras do Universo" - muito embora eu esteja ainda no segundo livro - de Philip Pullman. Depois que conheci a história da menina chamada Lyra - a qual me identifiquei muito - minha mente desvairada não para de fantasiar. E tudo o que vejo, ouço, cheiro, como, tudo se tornou surtos fantásticos de imaginação. Depois que li o primeiro (dos três) livros, comecei a escrever uma histórinha que ficou - inevitavelmente - parecida. Daí então os surtos imaginativos viraram pânico.
"Como ser tão sem criatividade" repetia a mim mesma. "Obviamente, é por isso não escrevo bem", tornava a me chicotear. Mas os surtos que viraram pânico passou - imperceptível - a nada. Sabe quando todos os picos de violentas emoções negativas passam a exatamente NADA, e você simplesmente não percebe?! Pois bem, isso me ocorreu. E foi tão rápido e faceiro que sequer notei quando.

Daí, a linha tênue entre realidade e todas as fantasia - onde eu me encontrava sentada, estagnada e completamente estática - começou lentamente a se movimentar, e antes que pudesse me dar conta eu estava de pé, em cima dela, dançando em ritmo lento, como se uma valsa vienense tocasse branda me convidando para dançar. Conforme meu corpo - ainda duro - se mexia e rodopiava, seguindo o clássico "dois para cá, dois para lá", podia ver dum lado a realidade e doutro a fantasia. Era a dança mais deliciosa da qual pude participar.

Do meu lado direito havia o carregado cinza das coisas concretas, eu via as possibilidades, sentia a firmeza das coisas que eu sabia, que se quisesse, podia tocar e carregar comigo para onde fosse. Eu via as tristezas e as felicidades, elas também eram concretas e - estranhamente - andavam de mãos dadas, mas eram simples passageiras, por isso, a cada volta dada elas iam e vinham de formas diferentes, dissipando-se no ar cada vez que eu lhes dava as costas.

Já o lado esquerdo as cores se confrontavam o tempo todo e formavam um tecido degrade brilhante, que podia ser mais bonito que a própria aurora boreal. Havia animais e monstros que jamais se poderiam ver do lado direito, o lado real. Algumas fumaças caiam do céu com cheiros de avelã, outros rios subiam para o céu, formando uma cachoeira anti-gravitacional. Os cheiros eram fortes e completamente distintos daqueles que vinham do lado oposto. Eram tudo completamente intocável, nada podia ser carregado ou guardado. E, coincidentemente, no lado da fantasia também haviam tristezas e felicidades. Elas também andavam de mãos dadas e se dissipavam ao dar as costas, mas elas não impregnavam na roupa, como as da realidade faziam.

De repente, aquilo que era uma valsa, explodiu em forma de samba - e as músicas vinham de ambos os lados - e a linha, que já era tênue, se tornava cada vez mais invisível e indesejável. Conforme meus pés dançavam por contra própria, o cinza era encharcado pelas cores da fantasia, e essas impregnavam de tal forma que me deixava com a certeza de que nunca mais sairiam. O tecido degrade e brilhantes de cores começaram a tocar tudo o que havia na minha realidade. O samba aumentava o ritmo cada vez mais, e a linha ia se apagando.

Quando o samba passou a ballet já era tarde demais, a fronteira que a minha realidade havia criado para afastar a insanidade da minha fantasia já havia desaparecido, como se um muro tivesse sido derrubado, sem dó ou piedade.
Os cheiros - todos eles - se intensificaram. Os perfumes cítricos eram puro limão, os doces eram o mel recém-fabricado. Os sons estão mais nítidos, o pio dos pássaros são óperas bem cantadas, e o ranger de peças enferrujadas de metal é o rock mais pesado de todos.

Foi a melhor coisa que eu fiz. Abrir as porteiras da minha fantasia. Até os meus momentos de insanidade me rendem deliciosos momentos de sonhos e, na maior parte deles eu estou incrivelmente acordada.


Chega né!? ahahaha parei de viajar. :B

Descrições.

Eu gosto de acreditar que há em meu - já adormecido - cérebro uma nítida divisão (sem ser a de lobos e sulcos), onde 90% está reservado - por tempo indeterminado - para futilidades, enquanto os outros 10% aguardam instruções para receptar sinais de maturidade e responsabilidade.

Bem, os 90% são - obviamente - mais utilizados. E acabo de descobrir que eles amam descrições e odeiam nomes, compreendam que o amor e o ódio estão sempre muito próximo. Uma vez me disseram (não me lembro quem), que a maior dificuldade de compreensão dos homens surgem a partir do momento que ele dá nome às coisas. A partir do exato momento em que o local onde sentamos, que possui quatro matrizes de sustentação e pode ser de madeira, metal ou até mesmo plástico, passa a ser uma simples "cadeira", a filosofia morre e apenas somam-se números.

É como se, só pelo fato de saber que o lugar onde eu sento, que tem quatro matrizes de sustentação e pode ser de madeira, metal ou plástico, se chama cadeira, eu não precisasse mais entendê-la. Porque é o que acontece! Nós paramos de querer entender depois que sabemos o nome. Eu não preciso saber o que é um sapato, porque eu já sei que aquilo que eu ponho em meus pés para caminhar se chama sapato. Daí ficamos estagnados, porque somos apenas informantes de pontos de referência. Não precisamos saber o que são as coisas, desde que possamos apontá-las.

Logo pensa-se que "apenas uma descrição à menos, não fará mal algum", mas fará, as pessoas precisam de nomes, não as coisas, na verdade não se aprende mais a descrever e pensar nas coisas, elas aprendem a decorar nomes, e isso deixa meus 90% simplesmente irados. Porque dói saber que a cansativa base da nossa vida, a bendita filosofia, se perde entre curtas frases mencionadas raramente pelos que ainda se lembram que - algum dia há muito tempo - algumas filosofavam e pensavam sobre tudo, todos, todo o tempo. Porque o que agora é simplesmente ridículo, um dia foi uma descoberta impressionante, pois se "no meio do caminho havia uma pedra, havia uma pedra no meio do caminho" é porque um dia Carlos Drummond de Andrade pensou muito. E, como já dizia Socrates, "Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância."

Também não estudo nunca, e sequer me dou ao trabalho de pensar o tempo inteiro, mas as pessoas apertaram um botão de "pause" muito grande e - pelo visto - ele travou, ou será que é o play que não quer funcionar?! Agora, preciso pensar.




*~ Mudando de assunto.

Nomes de pessoas. Preciso de nomes bonitos, fortes e MUITO brasileiros.
 

Like Sugar.♥ Copyright 2009 Sweet Cupcake Designed by Ipiet Templates | Thanks to Blogger Templates | Image by Tadpole's Notez

| Blogspottemplate|Wpthemesbest