segunda-feira, 1 de junho de 2009

Se assustou e, num pulo, pôs o pé sem querer naquele mundo que era e não era seu...

Postado por Vanessa Kairalla às 6/01/2009 04:00:00 PM
Esfregava e abria com força os olhos. Não conseguia acreditar, mas era tudo muito real - o beliscão que dera em si doía demais para não ser real. Os ouvidos estavam atentos, assim como os olhos, as mãos e o nariz. É, era mesmo real.

Era capaz de ver a música tocando, as notas corriam como crianças que brincam de pega-pega, os tons graves eram vozes grossas de pai repreendendo, os agudos eram mães murmurando palavras doces. Sua mãos eram capazes de pegar os cheiros, e eram muitos. O cheiro do caramelo era pegajoso e melado, mergulhava as mãos até os cotovelos no crítico do limão, e podia até mesmo banhar-se completamente no delicioso cheiro da manga depositada na banca de frutas do outro lado da rua. Era tudo mágico demais. E como era!
Sentia gostos, cheiros, ouvia, tocava, tudo era sentido, e tudo era sentimento. Pensou que teria uma overdose deliciosa de emoção, e estava preparada para isso, aliás, nunca esteve preparada para nada, nunca em toda a sua vida, até aquele momento. Não sabia o que faria, mas sabia que faria algo, dessa vez tinha de fazer.

Sentiu de repente algo tomar-lhe debaixo para cima com muita força, era intenso e estranho. Num susto deu um pulo para frente colocando, sem querer, o pé naquele mundo que era e não era seu. Em muito se parecia com seu mundo, as ruas eram iguais, as lojas eram as mesmas e nos mesmos lugares, as árvores eram tão verdes e resplandecentes ao sol quanto as de seu mundo, mas eram diferentes. Olhou para os pés tentando enxergar o que lhe assustara, mas nada via. Quando olhou de volta para frente, finalmente, percebeu que não haviam pessoas ali - exceto por ela mesma -, não haviam sequer animais, fazendo um sentimento forte de solidão surgir e tomar conta do coração, que logo se afundou nas lágrimas que não conseguiram escapar pelos olhos.
A tristeza invadiu - ao mesmo tempo - ela e esse mundo estranho, que logo se encontrou em tons cinzas e azulados, com nuvens carregadas que indicavam uma tempestade terrível. Foi tão simultâneo, tão inesperado quanto aquele sentimento que lhe atingiu, e então ela percebeu: esse mundo - que era e não era seu - era ela, esse era o mundo dela. Logo seu coração - que por pouco não se afogara - estava seco e flutuando com a leveza de uma fada, novamente, no mesmo instante, o tempo clareou, as nuvens foram embora e o sol brilhou; agora tudo resplandecia, bem como ela própria.

Deu mais alguns passos para frente, e foi correndo se perdendo nas profundezas de sua própria felicidade.



***

Apenas deu vontade de escrever. Nada à reclamar ou a comentar.
beijos :*

Se assustou e, num pulo, pôs o pé sem querer naquele mundo que era e não era seu...

Esfregava e abria com força os olhos. Não conseguia acreditar, mas era tudo muito real - o beliscão que dera em si doía demais para não ser real. Os ouvidos estavam atentos, assim como os olhos, as mãos e o nariz. É, era mesmo real.

Era capaz de ver a música tocando, as notas corriam como crianças que brincam de pega-pega, os tons graves eram vozes grossas de pai repreendendo, os agudos eram mães murmurando palavras doces. Sua mãos eram capazes de pegar os cheiros, e eram muitos. O cheiro do caramelo era pegajoso e melado, mergulhava as mãos até os cotovelos no crítico do limão, e podia até mesmo banhar-se completamente no delicioso cheiro da manga depositada na banca de frutas do outro lado da rua. Era tudo mágico demais. E como era!
Sentia gostos, cheiros, ouvia, tocava, tudo era sentido, e tudo era sentimento. Pensou que teria uma overdose deliciosa de emoção, e estava preparada para isso, aliás, nunca esteve preparada para nada, nunca em toda a sua vida, até aquele momento. Não sabia o que faria, mas sabia que faria algo, dessa vez tinha de fazer.

Sentiu de repente algo tomar-lhe debaixo para cima com muita força, era intenso e estranho. Num susto deu um pulo para frente colocando, sem querer, o pé naquele mundo que era e não era seu. Em muito se parecia com seu mundo, as ruas eram iguais, as lojas eram as mesmas e nos mesmos lugares, as árvores eram tão verdes e resplandecentes ao sol quanto as de seu mundo, mas eram diferentes. Olhou para os pés tentando enxergar o que lhe assustara, mas nada via. Quando olhou de volta para frente, finalmente, percebeu que não haviam pessoas ali - exceto por ela mesma -, não haviam sequer animais, fazendo um sentimento forte de solidão surgir e tomar conta do coração, que logo se afundou nas lágrimas que não conseguiram escapar pelos olhos.
A tristeza invadiu - ao mesmo tempo - ela e esse mundo estranho, que logo se encontrou em tons cinzas e azulados, com nuvens carregadas que indicavam uma tempestade terrível. Foi tão simultâneo, tão inesperado quanto aquele sentimento que lhe atingiu, e então ela percebeu: esse mundo - que era e não era seu - era ela, esse era o mundo dela. Logo seu coração - que por pouco não se afogara - estava seco e flutuando com a leveza de uma fada, novamente, no mesmo instante, o tempo clareou, as nuvens foram embora e o sol brilhou; agora tudo resplandecia, bem como ela própria.

Deu mais alguns passos para frente, e foi correndo se perdendo nas profundezas de sua própria felicidade.



***

Apenas deu vontade de escrever. Nada à reclamar ou a comentar.
beijos :*
 

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